Acredito que estes dois vídeos dispensam introdução, portanto vamos ao que interessa:
Vida em Miniatura: um vídeo documentário sobre xadrez
Curta metragem "O Xadrez das Cores" dirigido por Marco Schiavon
Costumamos ouvir que o xadrez é um
passatempo, esporte ou jogo de burguês. Por várias vezes já ouvi que este é um
jogo para ‘nerds’ ou ‘crânios’.
Estes tipos de argumentos fazem parecer que pessoas simples ou
trabalhadores braçais não podem desfrutar deste magnífico esporte. O que é
engano fortemente difundido pelo senso
comum.
Podemos tomar por base Cuba, que é
um país onde o xadrez é altamente difundido, porém, segundo o CIA Word Factbook, no ano de 2010 estava
em sexagésimo oitavo (68º) lugar na escala do P.I.B mundial, enquanto o Brasil,
na mesma pesquisa e ano, estava em sétimo (7º) lugar. Desta forma podemos
perceber que este tipo de argumento acaba sendo mais um temor do novo ou
desconhecido, do que uma verdade.
Porém essa concepção pode ter sido perpetuada devido
à
história
de como este foi criado e por quem era jogado no princípio,
pois segundo Boris Zlotnik (2006, p.11) e seus
colaboradores“o
xadrez é conhecido como jogo de
intelectual há cerca de 1.500
anos. Inicialmente, era considerado
um jogo para nobres, sendo,
inclusive, imprescindível para a
formação cavalheiresca”.
Vejamos
um pouco da história do xadrez segundo o “Curso Básico de Xadrez” de Anderson
Olímpio:
A
invenção do jogo de xadrez se relaciona diretamente com a matemática, a partir
de um antigo pergaminho que relata o seguinte:
Estava enfermo
certo Rei na India e lhe indicaram que deveria se distrair com algo agradável.
Para ele Dahir al-Hindi elaborou o jogo de xadrez. Depois de ter expressado sua
alegria pela invenção, o Rei disse: “Peca uma recompensa”.
Dahir al-Hindi
pediu um dirhem (moeda de prata utilizada pelos árabes na Idade
Média) para a
primeira casa do tabuleiro e que fosse dobrando progressivamente este número a
cada uma das casinhas restantes, a que o Rei comentou: "Me assombra que um
homem como você, capaz de criar um jogo tão maravilhoso, aceite recompensa tão pequena.
Que receba o que pede".
Mas quando o
assunto chegou aos ouvidos de seu Vizir, este se apresentou diante o Rei e
disse: “Precisas saber, oh Rei, que mesmo vivendo mil anos e recolhendo para ti
todos os tesouros da Terra, não poderá pagar o que lhe foi pedido”.
A quantidade que
resulta de dobrar o primeiro número para cada uma das casas do tabuleiro
resulta em: 18.446.744.073.709.551.615.
Esta lenda já
foi contada de muitas maneiras, trocando os nomes dos protagonistas e até o
motivo da recompensa. Porém, os ancestrais do xadrez provavelmente surgiram a
40 séculos antes de nossa era, dada a escrita pictórica e escultura, que servem
para iniciar as investigações sobre o jogo. Ainda que a informação
mais divulgada
durante os últimos três séculos, sustenta que o xadrez foi inventado na Ásia
Central, no noroeste da India.
Foi no último
período da Idade Média, que o xadrez recebe sua denominação atual. O processo
de difusão do jogo ocorre entre os séculos VI e IX quando chega à Europa com a
invasão dos mouros pela península ibérica, Itália e Grécia. Na Espanha o jogo
teve grande desenvolvimento e contou com apoio oficial. Como conseqüência da
assimilação cultural entre os mulçumanos e os católicos. Nesta etapa se publica
o “Libro de ajedrez”, em 1232, durante o reinado de Alfonso X, o Sábio, que
fora o seu autor. A obra mais importante sobre o xadrez na Idade Média foi o “Códice”
do mesmo Alfonso X, Sevilha 1283, cujo original se conserva no Monastério de
Escorial. Também na Espanha aparecem outros livros de importância para a história
do xadrez como o de Lucena (1497) que contém três movimentos das peças antigas
e o livro da “Invencion Liberal y del juego de Ajedrez” (1561) do espanhol Ruy
Lopez de Segura. A Itália contribui com as obras de Carrera (1617) e de Greco
(1688), que foram os precursores do xadrez moderno. No século XVII e princípios
do século XVIII surgiram outros valores como o árabe Felipe Stamma (1735), o
francês Andre Danican Philidor (1740), e os italianos Ercole do Rio, Loky e
Ponziani.
Para o estudo do
xadrez e sua melhor compreensão se propõem a divisão de sua história e desenvolvimento
em dois grandes períodos: o antigo e o moderno.
Antigo: desde
sua origem ate início do século XVII, quando se consolida as regras fundamentais.
Moderno: se
inicia na Espanha e compreende de 1600 até os nossos dias. Para seu estudo foi
dividido em duas etapas, considerando as características técnicas do jogo.
Romântica ou Clássica:
(1600-1886), caracterizada pelos sacrifícios e combinações ao estilo de um dos
mais representativos enxadrista desta etapa, o norte-americano Paul Charles
Morphy, e Cientifica: (1886), definida tecnicamente pelo austríaco Wilhelm
Steinitz, que a partir de um estudo profundo da obra de Morphy e de outros
famosos jogadores da etapa anterior, criou as bases para o estudo do xadrez com
critérios formais.
Wilhelm Steinitz
(1886-1894) é oficialmente o primeiro campeão mundial de xadrez. O titulo de
Campeã Mundial Feminino começou a ser disputado em 1927, em Londres, durante o
Torneio das Nações, nome inicial das Olimpíadas de Xadrez. Vera Menchik foi a
primeira campeã e reinou até a sua morte, em 1944. (OLÍMPIO, 2006, p. 5)
Sem
dúvida o Xadrez é um esporte muito prazeroso e que além de proporcionar lazer, possibilitar
o exercício lógico e matemático, possibilita vários outros benefícios
cerebrais; e não nos esqueçamos de que assim como o corpo, o cérebro também precisa
ser exercitado.
Felizmente o Xadrez vem se tornando cada
vez mais acessível. Através de meios eletrônicos (programas, partidas online,
blogs, vídeos, etc.), atividades escolares, campeonatos, cursos de extensão
oferecidos em Universidades ou mesmo escolas (fundamental e médio), livros,
filmes e o bom e tradicional tabuleiro de Xadrez, que proporciona às pessoas se
encontrarem, se socializarem, refletirem uma boa partida e perceberem as
múltiplas possibilidades que este hobby
pode oferecer.
O filósofo alemão Leibniz, que deu uma
forte contribuição para a matemática e a lógica durante a Idade Moderna,
afirmava que o Xadrez é uma ciência. Já, Amanda Saito Cursino em seu blog
“Exatamente Falando”, veicula a seguinte afirmação:
O
Xadrez é uma arte de grande beleza e apresenta imensa riqueza de
possibilidades. É um passatempo agradável e instrutivo que entreteve grandes
personalidades de nossa história como Napoleão, Einstein, Voltaire, Goethe,
Montesquieu, Benjamin Franklin, Victor Hugo, Machado de Assis e Monteiro Lobato
– para citar apenas alguns. E hoje é um esporte que pode ser jogado não
presencialmente, através de redes de computadores como a Internet, estando o
adversário em qualquer lugar do planeta, e por isso o que mais cresce em
adeptos, sendo já considerado o esporte do novo milênio.[i]
O CBC (Conteúdo Básico Comum) de
Educação Física do Estado de Minas Gerais propõe quatro eixos temáticos, sendo
estes: I – Esporte; II – Jogos e Brincadeiras; III – Ginástica; IV – Dança e
Expressões Rítmicas.
Dentro
do eixo temático II, jogos e brincadeiras o Xadrez é mencionado:
Incluir
os jogos e as brincadeiras populares como o bentealtas, o rouba-bandeira, a
queimada, o tico-tico fuzilado; os jogos de salão, como a dama, o xadrez, o futebol de prego; os jogos
de carta; os jogos derivados de esportes coletivos, como o 21, o corta-três, o
paulistinha, o paredão, o peruzinho; os jogos de raquete, como o pingue-pongue,
frescobol, nos currículos escolares, é
considerar um importante conteúdo presente na diversificada cultura brasileira.
Identificar como os pais, os tios e os avós de nossos alunos brincavam poderá
contribuir para uma reflexão sobre as mudanças e permanências culturais em
nossa sociedade hoje. Analisar a influência dos jogos eletrônicos, dos videogames
e dos jogos de computador na vida de jovens e adolescentes é uma importante
habilidade a ser desenvolvida por meio deste eixo temático.
Enfim, é isso... espero que está breve
matéria sirva para lhe instigar à prática do Xadrez ou reavivar em quem já é
adepto ou adepta do esporte a ‘chama’ que nos impele a buscar novas
estratégias, jogadas ou percepções diante do ‘mar’ de possibilidades que o Xadrez coloca a nossa disposição e
despeço-me de você deixando algumas referências.
Abraço e até a próxima!
Para
quem pretende conhecer ou baixar a Proposta Curricular de Educação Física – CBC
– Fundamental – 6º ao 9º - basta acessar o link:
Para
conhecer ou baixar o conteúdo, porém referente ao Ensino médio basta acessar o
link:
Alguns
livros que podem ajudar na prática do Xadrez:
Curso de Xadrez vol. I e II
Que são ambos obra de Boris Zlotnik e colaboradores.
Referências:
CENTRO de referência do professor.
Proposta curricular – CBC: educação
física – fundamental – 6º ao 9º ano. Revisado
em jul. 2008. Disponível em: <http://crv.educacao.mg.gov.br/sistema_crv/index.aspx?id_projeto=27&id_objeto=67922&tipo=ob&cp=999999&cb=&n1=&n2=Proposta%20Curricular%20-%20CBC&n3=Fundamental%20-%206%C2%BA%20ao%209%C2%BA&n4=Educa%C3%A7%C3%A3o%20F%C3%ADsica&b=s>. Acesso em:
3 jun. 2013.
CURSINO,
Amanda Saito. Por que jogar xadrez?.
In: Exatamente falando. Disponível em: <http://exatamentefalando.blogspot.com.br/2011/06/porque-jogar-xadrez.html>.
Acesso em: 3 Jun. 2013.
OLIMPIO,
Anderson. Curso básico de xadrez. Goiânia: [s.n.], 2006.
XADREZ.
In: WIKIPÉDIA, a enciclopédia livre. Flórida: Wikimedia Foudation. 2013.
Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=Especial:Citar&page=Xadrez&id=35626644>.
Acesso em: 3 jun. 2013.
ZLOTNIK,
Boris ... [et al.]. Curso de xadrez /
Boris Zlotnik ... [et al.]. Tradução Abrão Aspis. – Porto Alegre: Artmed,
2006.
[i]
Citação retirada do Blog Exatamente Falando (http://exatamentefalando.blogspot.com.br/2011/06/porque-jogar-xadrez.html);
com acesso em 02 de Junho de 2013.