sexta-feira, 27 de abril de 2012

Geração Beat – A literatura como expressão máxima da impetuosidade da vida.





O que aconteceria se um grupo de jovens amigos misturassem literatura, música, cinema, fotografia, moda, sexo e drogas...?
Se você não consegue imaginar o resultado e gostaria de ver no que isso daria, sem correr maiores riscos; há uma forma bem prática e prazerosa de saber o descobrir sem no final ter que dizer: “man, I am beat”.
Estou falando da literatura beat, que tem início nos na América do Norte e acaba dando origem a um movimento que despertou a atenção de várias gerações contemporâneas e futuras em grande parte do mundo.
A amizade de Jack Kerouac, William Burroughs, Allen Ginsberg, Lawrence Ferlinghetti, Gregory Corso, Michael McClure, Gary Snyder, Clellon Holmes, entre outros, mostrou a presença de uma juventude que decidiu viver a vida no limite entre a virtude e a perversão, a arte e a bandidagem, de forma desafiadora e sagaz.
A “beat generation”, tirou o sono de muitos moralistas da época, ao ponto de que até o The New York Times “em tom severo e paternal, acusou Kerouac de estar ‘dando fundamento à explosiva juventude que, de um canto a outro do país, se agrupa em torno de jukeboxes e se envolve em arruaças sem motivo em plena madrugada’” (KEROUAC, 2009, p. 9). Em tom de censura, sensacionalista ou não, o NY Times não estava de todo errado, porém tais notícias apenas despertavam mais e mais a vitalidade daquela juventude sedenta por aventuras.
A “geração Beat” viveu a literatura, quebrou barreiras, rompeu com os padrões, mesclou estilos de escritas, de visão de mundo, estética, esculachou a moralidade


Tudo isso alimentou a criação literária. E não em prosa, no ciclo de narrativas de Kerouac, relatos estilizados de aventuras com seus amigos, ou em Go, de Clellon Holmes. Também na poesia de Ginsberg, por vezes de modo dramático: é rememoração da perda em poemas como “Fragmento 1955”, de Reality Sandwiches (Sanduíches de realidade)[i].
Das amizades resultou a criação coletiva, nisso apresentando semelhança com o surrealismo. Criavam juntos, como nos cut-up, os textos-colagem de Burroughs em parceria com Bryon Gisin e Gregory Corso, que resultaram em Minutes to Go. Ou em And the Hippos Were Boiled in their Thanks (E os hipopótamos ferveram em seus tanques), narrativa policial de Bourroughs e Kerouac que se perdeu. No poema “Pull my Daisy” (Puxe minha “margarida”) de Ginsberg, Kerouac e Cassady[ii], que daria título ao filme de Robert Frank. Copidescavam-se, como na releitura de Kaddish de Ginsberg por Ferlinghetti. Assistiu-se: Ginsberg lendo páginas de The Town and City (Cidade pequena, cidade grande)[iii] por cima do ombro de Kerouac, incentivando-o. (WILLER, 2009, p. 18).


            Assim o movimento beat se construía em meio a bebida, maconha, anfetaminas, morfina, benzedrina, heroína, LSD, ayauasca, entre outros alucinógenos, o jazz bop, bebop em jam-sessions e suas muitas expressões particulares, tais como:  “Beat”, “Fuck Ode”, “This is the Beat Generation”, etc. Esta turma viveu as estradas, a violência, as prisões, o erotismo,  o vício e na maioria das vezes, se não todas, em seu extremo. O apolíneo nietzscheano.  


Geração beat (Beat Generation em inglês) ou "Movimento beat" é um termo usado tanto para descrever a um grupo de artistas norte-americanos, principalmente escritores e poetas, que vieram a se tornar conhecidos no final da década de 1950 e no começo da década de 1960, quanto ao fenômeno cultural que eles inspiraram (posteriormente chamados ou confundidos aos beatniks, nome este de origem controversa, considerado por muitos um termo pejorativo). Estes artistas, levavam vida nômade ou fundavam comunidades. Foram, desta forma, o embrião do movimento hippie, se confundindo com este movimento, posteriormente. Muitos remanescentes hippies se auto-intitulam beatniks e um dos principais porta-vozes pop do movimento hippie, John Lennon, se inspirou na palavra beat para batizar o seu grupo musical, The Beatles. Na verdade, a "Beat generation", tal como os Beatles, o movimento hippie e, antes de todos estes, o Existencialismo, fizeram parte de um movimento maior, hoje chamado de "contracultura". (GERAÇÃO BEAT. In: WIKIPÉDIA, a enciclopédia livre.)


            A Beat Generation influenciou artistas como Bob Dylan e até mesmo seu filho Jakob Dylan, Jim Morrison da The Doors, Neil Young, a banda The Clash, entre vários outros nomes. Obras como On the Road passou a ser chamada de a “bíblia Hippie”, a juventude passou a utilizar camisas xadrez, suéters de gola role, boinas, óculos escuros e gírias como “I’m beated”, “beat the way”, entre outras.
O presente movimento espontaneamente se tornou um movimento de contra cultura que logo a cultura tentou abarcar, pela literatura, pela moda e pela ideologia. Percebe-se a partir do momento em que surge a expressão “beatnik”, que o próprio Allen Ginsberg se coloca hostilmente contra, afirmando ser está uma expressão criada pela mídia e se aceita, seria o mesmo que negar a magnitude da poesia de Kerouac. Em sua entrevista ao New York Time, Ginsberg, se refere a tal situação como “a obscena palavra beatnik”, fazendo questão de demonstrar o seu desprezo pelos “beatniks e os poetas beats não iluminados”, pois para Ginsberg, “eles não teriam sido criados por Kerouac mas pela industria da comunicação em massa que continua fazer lavagens cerebrais ao homem.”.
As influências da geração beat vão do catolicismo ao budismo, da Aufklärung e literaturas como a de Goethe e Schelling, à filosofia de Schopenhauer e Nietzsche. Uma ânsia inquietante de pegar a estrada e ver onde vai dar. Desafiar a vida e o acaso. Negar a materialismo e o apego e ao mesmo ser egoísta a ponto de satisfazer as próprias vontades. Conhecer as Tristessas da vida, os tantos bordéis, os marginais e os excluídos, os extremos e a mediocridade, num mesmo mundo, que como o próprio Kerouac diz, ser o mesmo curral.   
A literatura Beat influenciou muitos outros movimentos, assim como sofreu influências de vários anteriores, vindo de um período pós-guerra e entrando em nova guerra fria e mesquinha, este se refugiaram na arte em seu sentido mais amplo e como dizia Jack: “acrescente neblina, neblina úmida que te deixa faminto, e o pulsar do néon da noite suave, o crepitar dos saltos altos das beldades, pombas brancas na vitrine de uma mercearia chinesa...”(KEROUAC, 2009, p.218).


Algumas indicações de leitura, filme e música:
On The Road - Jack Kerouac
Uivo - Allen Ginsberg 
                                                                 

Geração Beat - Claudio Willer
Tristessa - Jack Kerouac 


           

Indicação de Filme:



Título Original: Howl
Intérpretes: James Franco, Jon Hamm, Mary-Louise Parker
Realização: Jeffrey Friendman, Rob Epstein
Distribuição em Portugual por: Midas Filmes
Gênero: Bibliografia, Drama
Ficha Técnica: Duração 1h30m | Origem: EUA, 2010
Site Oficial: Internacional

Sinopse:
São Francisco, 1957. Uma obra-prima é julgada e esse é um momento decisivo para a contra-cultura americana. O filme recria a vida de Allen Ginsberg e do poema Howl, explorando gêneros e temas que ainda hoje são actuais: a definição de obscenidade, os limites da liberdade de expressão, a natureza da arte.


Indicação de Música:



Banda: The Clash (Participação de Allen Ginsberg).
Musica: Ghetto Defendant.
Album: Combat Rock (1982).



REFERÊNCIAS

BEATNIK. In: WIKIPÉDIA, a enciclopédia livre. Flórida: Wikimedia Foundation, 2011. Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=28082998>. Acesso em: 27 abr. 2012.

GERAÇÃO BEAT. In: WIKIPÉDIA, a enciclopédia livre. Flórida: Wikimedia Foundation, 2011. Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=Gera%C3%A7%C3%A3o_Beat&oldid=27819823 > Acessado em: 27 abr. 2012.

KEROUAC, Jack. On the road (pé na estrada). Tradução , introdução e posfácio de Eduardo Bueno. Porto Alegre: L&PM, 2009.

UIVO. In: TRAILERS.COM.PT. <http://www.trailers.com.pt/uivo/>. Acesso em: 27 abr. 2012.

WILLER, Claudio. Geração Beat. Porto Alegre: L&PM, 2009.


[i]19. Ambos traduzidos na edição já citada de Uivo e outros poemas (ver nota 4).
[ii] 20. Ginsberg. Collected Poems, 1947 – 1980. Harper & Row, 1984.
[iii] 21. Kerouac, Jack. Cidade pequena, cidade grande. Trad. Edmundo Barreiros. Porto Alegre: L&PM, 2008.


quinta-feira, 26 de abril de 2012

quinta-feira, 5 de abril de 2012


O COLETIVO MUNDO ÁCRATA CONVIDA

Palestra:   A Comuna de Paris 




Com Prof. Dr. Alexandre Samis
Historiador, professor do Colégio Pedro II (RJ), membro da Federação Anarquista do Rio de Janeiro (FARJ)


Dia: 13 de Abril de 2012 (Sexta-feira)
Horário: 14:00h
Sala: Anfiteatro “C” do Bloco 5O

Haverá emissão de certificado



Defesa de Dissertação de Mestrado



Fragmentos biográficos de um anarquista na Porta da Europa: a escrita cronística como escrita de si em Neno Vasco.
Apresentado por: Thiago Lemos Silva
Banca: Profa. Dra. Jacy Alves de Seixas (UFU)
Profa. Dra. Christina da Silva Roquette Lopreato (UFU)
Prof. Dr. Alexandre Ribeiro Samis (CPII)

Data: 13 de abril de 2012 às 09:00 horas
Local: Bloco H sala 1H48
Universidade Federal de Uberlândia – Campus Santa Mônica
Uberlândia - Minas Gerais


segunda-feira, 2 de abril de 2012

Sobre Cândido ou o otimismo

  Cândido ou o otimismo. 



Saudações pensador@s livres...
Para falar da arte de se expressar livremente e de como ela atravessa os tempos, um bom exemplo, é o filosofo parisiense François-Marie Arouet, mais conhecido como Voltaire.
Voltaire (1694-1778), escritor, ensaísta, poeta, deísta e filósofo iluminista francês, durante sua vida fez duras críticas à igreja e à monarquia; chegando a ficar preso duas vezes por defender a liberdade de expressão. Satírico voraz chegou a ficar exilado na Inglaterra por ter como alvo expressão máxima da nobreza francesa de sua época (O regente Luis XIII).
Voltaire dialogou com os maiores nomes de sua época, lançou críticas sarcásticas a grandes pensadores como Leibniz e Rousseau, objetivando na maioria das vezes a liberdade civil, liberdade religiosa e até mesmo a liberdade de comércio. De temperamento áspero e condição financeira favorável, Voltaire conheceu várias cidades da Europa e em uma dessas viagens pode conhecer o filosofo inglês John Locke.
E uma das expressões mais marcantes deste pensador é a sua obra “Candido ou o otimismo” onde é possível notar uma dura crítica a uma sociedade utilitarista nos moldes capitalista, se comparada aos dias atuais. Através de Cândido, o personagem protagonista desta obra, percebe-se a contradição colocada nos conceitos de pensadores como Rousseau e sistemas metafísicos, como o de Leibniz, ao tratarem da natureza humana e o melhor dos mundos possíveis.
Como tratar do otimismo em um mundo que parece perfeito, mas o que se deseja nem sempre acontece? Seria possível, levando em conta a natureza humana, construirmos uma “Eldorado”?  E uma pessoa como Cândido (ingênuo), que acredita na bondade e no melhor dos mundos possíveis, esta fora da realidade a qual vivemos?
Ao ler esta obra podemos fazer várias destas indagações e muitas outras. Você acredita que este é o melhor dos mundos possíveis? Se não, que a raça humana está condicionada à barbárie? Você acha que nossa realidade é determinista?
Todos estes questionamentos são questões que atravessam os séculos, mas que merecem sempre respostas novas!